quarta-feira, 9 de março de 2011

Nota de Roger Waters sob acusação de anti-semitismo

Retirado de seu site oficial (http://www.roger-waters.com/news/)

A note from Roger - September 30, 2010


Em uma notícia recente da Foxnews / online, posteriormente abreviado em The London Evening Standard, Abraham Foxman, diretor da ADL (Anti-Defamation League), nos EUA, acusa a minha nova produção de "The Wall" e, por implicação a mim, de anti-semitismo. Uma acusação grave que exige uma resposta. Teria o Sr. Foxman que vir ao meu show antes de julgar e comentar publicamente, já que não há anti-semitismo no show "The Wall". A música à qual ele se refere, "Goodbye Blue Sky", descreve como as pessoas comuns, militares e civis, são sofrens com traumas no rescaldo da guerra. Os recursos visuais que acompanham a música mostram bombardeiros B52 soltando vários símbolos das baías de bomba em uma paisagem devastada pela guerra. Os símbolos são: em nenhuma ordem especial, um crucifixo, uma foice e martelo, uma estrela de David, um crescente e a estrela, um sinal de Mercedes, um sinal de dólar, e um logo da Shell Oil. A preocupação de Sr Foxman era que, potencialmente, a justaposição de uma estrela de David e um sinal de dólar poderia incitar o ódio aos judeus. Contrariamente à afirmação do Sr. Foxman, não há significados ocultos na ordem ou justaposição desses símbolos. O ponto que eu estou tentando mostrar na música é que o bombardeio que estamos todos sujeitos em conflitos de ideologias religiosas, políticas e económicas só nos incentiva a voltar-nos um contra um outro, e eu lamento a perda simultânea de vida.
Na medida em que o The Wall tem uma mensagem política, ela é buscar iluminar a nossa condição, e encontrar novas formas para incentivar a paz e a compreensão, em particular no Oriente Médio.
Aliás, vindo da Inglaterra, eu nunca tinha ouvido falar da ADL, até hoje, mas eu pesquisei e vi a sua declaração de missão de 1913 que o seu objetivo não é só defender o povo judeu de difamação, mas também, e cito, "para garantir justiça e tratamento equitativo a todos os cidadãos igualmente e para por um fim à discriminação injusta e desleal contra qualquer seita ou grupo de cidadãos". Talvez todos nós devemos focalizar naquele ideal sublime e parar de ficar no canto atirando pedras uns nos outros.

Roger Waters

terça-feira, 8 de março de 2011

Líderes Israelenses

Eis uma lista com os líderes de Israel e seu passado:

Yigal Allon - militar israelense responsável pela invasão da cidade palestina de Lydda e pelo massacre de 250 homens, mulheres e crianças em 1948. A ordem era atirar em qualquer pessoa vista nas ruas. Premiado com a chefia de governo de israel em 1969.

Yitzhak Rabin - o comandante-chefe da Operação Danny, que varreu as cidades palestinas de Lydda e Ramleh em 1948, que resultou num êxodo de cerca de 70.000 palestinos das suas terras ancestrais. Como recompensa, foi primeiro-ministro de israel de 1974 a 1977 e de 1992 a 1995.

Menachem Begin - líder do grupo terrorista Irgun, idealizador do atentado ao hotel King David de Jerusalém em 1946. Primeiro-ministro de israel de 1977 a 1981 e de 1981 a 1986.

Yitzhak Shamir - líder do grupo terrorista Lehi, mandante do assassinato do conde Folke Bernadotte, representante da ONU no Oriente Médio, salvador de judeus durante a 2º Guerra Mundial e denunciador das atrocidades sionistas na Palestina em 1948. Recompensado como chefe de governo de israel por 4 vezes entre 1983 e 1992.

Ehud Barak - participante da Operação Primavera da Juventude onde, vestido de mulher, assassinou membro da Organização para a Libertação da Palestina em 1973. Eleito primeiro-ministro de israel de 1999 a 2001.

Ariel Sharon - comandante no massacre de Qybia em 1953, onde foram trucidados 69 palestinos, muitos deles crianças. Já adivinharam? Primeiro-ministro de israel, óbvio, de 3 vezes, de 2001a 2006.

Ehud Olmert - filho de Bella e Mordechai Olmert, fundadores do grupo terrorista Irgun. Grupo terrorista sionista, não muçulmano. Chefe de governo de israel de 2006 a 2009.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Fundador do Pink Floyd adere ao boicote cultural a Israel

Retirado do site http://www.vermelho.org.br:

O fundador da banda Pink Floyd, Roger Waters, junta-se à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel e apela aos colegas da indústria da música e a artistas de outras áreas para que adiram também. A adesão foi anunciada neste domingo (6). Músicas como Another Brick in the Wall Part 2 serviram de hino da juventude negra sul-africana contra o apartheid e, mais tarde, também foi cantada por jovens palestinos contra o muro que Israel construiu nos territórios ocupados.


 
Waters apelou aos colegas da indústria da música e a artistas de outras áreas para aderirem à campanha até que termine a ocupação e a colonização de todas as terras árabes e o muro seja desmantelado; sejam reconhecidos os direitos fundamentais dos cidadãos árabe-palestinos de Israel em plena igualdade; e sejam respeitados, protegidos e promovidos os direitos dos refugiados palestinos de regressar às suas casas e propriedades, como estipulado na resolução 194 da ONU.
Leia na íntegra a carta aberta divulgada pelo músico britânico.


Carta aberta de Roger Waters

Em 1980, uma canção que escrevi, Another Brick in the Wall Part 2, foi proibida pelo governo da África do Sul porque estava sendo usada por crianças negras sul-africanas para reivindicar o seu direito a uma educação igual. Esse governo de apartheid impôs um bloqueio cultural, por assim dizer, sobre algumas canções, incluindo a minha.

Vinte e cinco anos mais tarde, em 2005, crianças palestinas que participavam num festival na Cisjordânia usaram a canção para protestar contra o muro do apartheid israelita. Elas cantavam: “Não precisamos da ocupação! Não precisamos do muro racista!” Nessa altura, eu não tinha ainda visto com os meus olhos aquilo sobre o que elas estavam a cantar.

Um ano mais tarde, em 2006, fui contratado para atuar em Telavive.

Palestinos do movimento de boicote acadêmico e cultural a Israel exortaram-me a reconsiderar. Eu já tinha me manifestado contra o muro, mas não tinha a certeza de que um boicote cultural fosse a via certa. Os defensores palestinos de um boicote me pediram que visitasse o território palestino ocupado para ver o muro com os meus olhos antes de tomar uma decisão. Eu concordei.

Sob a proteção das Nações Unidas, visitei Jerusalém e Belém. Nada podia estar preparado para aquilo que vi nesse dia. O muro é um edifício revoltante. Ele é policiado por jovens soldados israelitas que me trataram, observador casual de um outro mundo, com uma agressão cheia de desprezo. Se foi assim comigo, um estrangeiro, imaginem o que deve ser com os palestinos, com os subproletários, com os portadores de autorizações.

Soube então que a minha consciência não me permitiria me afastar desse muro, do destino dos palestinos que conheci, pessoas cujas vidas são esmagadas diariamente de mil e uma maneiras pela ocupação de Israel. Em solidariedade, e de alguma forma por impotência, escrevi no muro, naquele dia: “Não precisamos do controle das ideias”.

Tomando nesse momento consciência que a minha presença num palco de Telavive iria legitimar involuntariamente a opressão que estava a testemunhar, cancelei o concerto no estádio de futebol de Telavive e trasnferi para Neve Shalom, uma comunidade agrícola dedicada a criar pintinhos e também, admiravelmente, à cooperação entre pessoas de crenças diferentes, onde muçulmanos, cristãos e judeus vivem e trabalham lado a lado em harmonia.

Contra todas as expectativas, ele se tornou o maior evento musical da curta história de Israel. 60 mil fãs lutaram contra engarrafamentos de trânsito para assistir. Foi extraordinariamente comovente para mim e para a minha banda e, no fim do concerto, fui levado a exortar os jovens que ali estavam agrupados a exigirem ao seu governo que tentasse chegar à paz com os seus vizinhos e que respeitasse os direitos civis dos palestinos que vivem em Israel.

Infelizmente, nos anos que se seguiram, o governo israelita não fez nenhuma tentativa para implementar legislação que garanta aos árabes israelitas direitos civis iguais aos que têm os judeus israelitas, e o muro cresceu, inexoravelmente, anexando cada vez mais da faixa ocidental.

Aprendi nesse dia de 2006 em Belém alguma coisa do que significa viver sob ocupação, encarcerado por trás de um muro. Significa que um agricultor palestino tem de ver oliveiras centenárias ser arrancadas. Significa que um estudante palestino não pode ir para a escola porque o checkpoint está fechado. Significa que uma mulher pode dar à luz num carro, porque o soldado não a deixará passar até ao hospital que está a dez minutos de estrada. Significa que um artista palestino não pode viajar ao estrangeiro para exibir o seu trabalho ou para mostrar um filme num festival internacional.

Para a população de Gaza, fechada numa prisão virtual por trás do muro do bloqueio ilegal de Israel, significa outra série de injustiças. Significa que as crianças vão para a cama com fome, muitas delas mal nutridas cronicamente. Significa que pais e mães, impedidos de trabalhar numa economia dizimada, não têm meios de sustentar as suas famílias. Significa que estudantes universitários com bolsas para estudar no estrangeiro têm de ver uma oportunidade escapar porque não são autorizados a viajar.

Em minha opinião, o controle repugnante e draconiano que Israel exerce sobre os palestinos de Gaza cercados e os palestinos da Cisjordânia ocupada (incluindo Jerusalém oriental), assim como a sua negação dos direitos dos refugiados de regressar às suas casas em Israel, exige que as pessoas com sentido de justiça em todo o mundo apoiem os palestinos na sua resistência civil, não violenta.

Onde os governos se recusam a atuar, as pessoas devem fazê-lo, com os meios pacíficos que tiverem à sua disposição. Para alguns, isto significou juntar-se à Marcha da Liberdade de Gaza; para outros, juntar-se à flotilha humanitária que tentou levar até Gaza a muito necessitada ajuda humanitária.

Para mim, isso significa declarar a minha intenção de me manter solidário, não só com o povo da Palestina, mas também com os muitos milhares de israelitas que discordam das políticas racistas e coloniais dos seus governos, juntando-me à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel, até que este satisfaça três direitos humanos básicos exigidos na lei internacional.

1. Pondo fim à ocupação e à colonização de todas as terras árabes [ocupadas desde 1967] e desmantelando o muro;

2. Reconhecendo os direitos fundamentais dos cidadãos árabe-palestinos de Israel em plena igualdade; e

3. Respeitando, protegendo e promovendo os direitos dos refugiados palestinos de regressar às suas casas e propriedades como estipulado na resolução 194 da ONU.

A minha convicção nasceu da ideia de que todas as pessoas merecem direitos humanos básicos. A minha posição não é anti-semita. Isto não é um ataque ao povo de Israel. Isto é, no entanto, um apelo aos meus colegas da indústria da música e também a artistas de outras áreas para que se juntem ao boicote cultural.

Os artistas tiveram razão de recusar-se a atuar na estação de Sun City na África do Sul até que o apartheid caísse e que brancos e negros gozassem dos mesmos direitos. E nós temos razão de recusar actuar em Israel até que venha o dia – e esse dia virá seguramente – em que o muro da ocupação caia e os palestinos vivam ao lado dos israelitas em paz, liberdade, justiça e dignidade, que todos eles merecem.

Tradução do Comitê Palestina