quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Declaração Balfour


Inicio as postagens neste blog mostrando um fato histórico crucial que desencadearia no conflito palestino-israelense que perdura até os dias de hoje gerando mortes, dor e sofrimento para diversas famílias.

O fato histórico acima referido se trata da Declaração Balfour. Esta declaração data de 2 de novembro de 1917, e é um documento que declara a simpatia por parte do Governo Real Britânico ao movimento sionista (movimento criado por Theodor Herzl que defende a existência de um Estado Judeu. Falarei mais sobre este movimento em outra postagem, para poder dar mais atenção à Declaração Balfour).

Neste documento, temos a declaração de simpatia por parte do governo britânico em estabelecer um "lar nacional na Palestina para o povo judeu". O território da Palestina, até a 1ª Grande Guerra, pertencia ao Império Otomano. Tanto a maioria muçulmana, quanto os judeus e cristãos que lá residiam eram oprimidos pelo império. Outros territórios eram parte do imperio, como a Síria, por exemplo. A promessa dada pelo governo britânico aos árabes (representados pelo Xerife Hussein na época), garantia a eles um território  que englobava a Palestina, caso vencessem a guerra.

Com o fim da guerra, a Inglaterra se enfraqueceu devido aos gastos decorrentes dela. Entre a 1ª e 2ª Grande Guerra, o movimento sionista passa a incentivar os judeus europeus a se estabelecerem na Palestina. Neste período, a Inglaterra era mandatária do território, de acordo com o disposto no Pacto da Sociedade das Nações.

Surgiu então um grupo chamado Irgun. Tratava-se de um grupo terrorista composto por judeus radicais que queriam por meio da força estabelecer um Estado Judeu nos territórios compreendidos pela Palestina, praticando atos violentos: atacando mesquitas repletas de pessoas, vilarejos e mesmo britânicos.

A Inglaterra, enfraquecida economicamente e vendo a inviabilidade de continuar governando provisóriamente a região, acaba realizando a partilha entre palestinos e israelenses.

Aproximadamente 600 mil judeus teriam direito a 54% dos territórios, enquanto 1,4 milhão de palestinos ficaram com os outros 46%.

A grande discussão sobre a Declaração Balfour é a seguinte:

Do ponto de vista israelense, um "lar nacional judeu" implicava na criação de um Estado Judeu. Ele estaria concretizando um direito de retorno a uma terra que viviam a cerca de 2000 anos antes. Para voltar era preciso comprovar a descendência judia.

Do ponto de vista palestino, um "lar nacional judeu" implicava na inclusão dos judeus em um Estado Palestino, sem a retirada deles da terra em que viviam. Até porque expulsá-los seria uma violação ao próprio Pacto da Sociedade das Nações, cujo Art. 22 estabelece que, para os territórios libertados após as guerras, seria escolhido um mandatário responsável pelo auxílio na implantação de um governo estabelecido pela população local, sendo preservada a mesma contra qualquer tipo de abuso, legitimando o direito à terra quem lá já morava.

Uma coisa é certa: a vida pacífica de judeus, muçulmanos e cristãos que lá moravam antes sempre foi caracterizada pelo respeito e tolerância. Os extremistas judeus-europeus que lá queriam, à força, tomar terras dos locais, acabaram por gerar um extremismo oposto do povo que se pôs a resistir contra a agressão injusta. Talvez isto tenha sido gerado pelo racismo europeu em relação aos judeus, até porque, muitos anti-semitas europeus apoiaram a criação do Estado de Israel.

O povo palestino e israelense sofre até hoje, e continuará assim se o governo israelense insistir em continuar fazendo discursos de paz em um mês, para no mês seguinte utilizar "fósforo branco" contra a população civil árabe.

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